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O uso da vírgula na construção social de Faculdade Unida de Suzano - UNISUZPaula Barbosa Pudo Fatec de Itaquaquecetuba ( [email protected]) O presente trabalho não tem como foco a aplicação e explicação do uso da vírgula nos estudos da gramática normativa em nossa língua materna, mas, sobretudo, de acordo com a Pragmática, a Semântica e a Linguísti- ca Aplicada. Há construções nas quais a simples mudança de posicionamento da vírgula, de um lugar para o outro, muda completamente o sentido do texto. A partir da análise de dados coletados em pesquisa de campo, analisamos o entendimento que um determinado grupo de 30 funcionários da secretaria de segurança pública do estado de São Paulo teve ao deparar-se com a tarefa de relacionar enunciados e seus significados, de acordo com a utilização e posicionamento da vírgula. Foram observados problemas linguísticos que podem acarretar incompreensões durante práticas de linguagem, chegando à gravidade de distorcer as informações de um Bole- tim de Ocorrência, ou compreender parcialmente artigos do Código Civil.
Palavras-chave: significado; vírgula e uso social da linguagem.
de Psicologia, Sociologia, Antropologia, dentre outros, foram observados os problemas linguísticos que po- Este artigo tem como finalidade expor resultados dem acarretar situações sociais, diversas do espera- de uma pesquisa realizada na conclusão do curso de do, pautadas pela interpretação dos textos sugeridos, Letras, na qual o uso da vírgula foi o objeto de estu- principalmente no que se refere às leis.
do, uma vez que seu uso inadequado pode acarretar uma interpretação errônea de um enunciado, fato teorização Sobre Pragmática, Semântica e que muitas vezes pode resultar em prejuízos à vida das pessoas envolvidas em situações sociais media- Linguística aplicada De acordo com Ilari (2005), não existe em nosso en- Pragmática sino a tradição de tratar do sentido através de exercí- cios específicos, ao contrário do que ocorre com a gra- Fiorin (2005) afirma que a Pragmática é a ciência mática. Isso leva o professor na escola a acreditar que, do uso linguístico, responsável pelo estudo das condi- nessa área, não há nada de interessante a fazer.
ções que governam a utilização da linguagem, a prá- Há construções nas quais a simples mudança do tica linguística. A enunciação, o ato de produzir enun- emprego da vírgula, de um lugar para outro, muda ciados, que são as realizações linguísticas concretas, é completamente o sentido do enunciado. A declaração um dos domínios de fatos linguísticos que exigem a de um acidente de trânsito, por exemplo, revela que introdução de uma dimensão pragmática nos estudos há situações nas quais o uso da linguagem torna-se lingüísticos.
um problema para o usuário. Esse problema pode ser Plaza Pinto (2004) relata que, apostando nos es- encarado como: o enunciado e o modo de emprego da tudos da linguagem, a Pragmática leva em conta vírgula depõem contra o declarante. Pensando nisto, também a fala, e nunca os estudos da língua isolada decidimos realizar uma pesquisa de campo cuja con- de sua produção social. A Pragmática defende a não tribuição da Linguística Aplicada é notável, pois en- centralidade da língua em relação à fala. Os estudos quanto atividade de uso social de linguagem, ela nos pragmáticos pretendem, dessa maneira, definir o que permite criar e analisar significados, ou ainda modi- é linguagem e analisá-la, trazendo para a definição os ficá-los, transformando, por conseguinte, o cotidiano conceitos de sociedade e de comunicação.
Para Fiorin (2005), o tempo linguístico é diferente Como a Linguística Aplicada se constitui como tanto do tempo cronológico, quanto do tempo físico. área híbrida de pesquisa na qual convergem estudos As marcações cronológicas presentes no texto são co- mandadas pelo tempo linguístico. O tempo do discur- de comunicação. so é sempre uma criação da linguagem, com a qual Segundo Bechara (2001), o enunciado se constrói se pode transformar o futuro em presente, o presente com palavras e orações organizadas de acordo com princípios gerais de dependência e independência Plaza Pinto (2004) nos lembra que a criatividade é sintática e semântica. Logo, uma pontuação errônea uma constante na realização da linguagem, levando produz efeitos desastrosos à comunicação. à imprevisibilidade no sistema descrito. É impossível Illari (2008) aponta que a pouca dedicação reser- descrever e/ou prever todas as estruturas e combina- vada ao estudo da significação é um dos fatores que ções existentes numa língua. A linguagem não reflete empobrecem o ensino da língua materna. Dedica-se o lugar social de quem fala, mas faz parte desse lugar o tempo à ortografia, à acentuação, à assimilação de social. O uso linguístico é a única forma produtiva de regras gramaticais de concordância e regência, e tan- se pensar os fenômenos linguísticos. Dizer é fazer: tos outros, que deveriam dar um verniz de “usuário para a Pragmática atual a prática social que chama- culto da língua” aos alunos. Devido à importância que mos linguagem é indissociável de suas consequências as questões da significação da língua têm, não só nos éticas, sociais, econômicas e culturais.
exames e vestibulares que exigem interpretação de textos, mas também para a vida diária. Luft (2007) afirma que, no que se refere à vírgula, a responsável pela maioria dos erros de pontuação é a Segundo Marques (2003), os estudos ligados à se- ligação que se estabeleceu entre ela e a pausa. Corre- mântica e à noção de significado têm como causa e to é ensinar que “nem a toda pausa corresponde uma consequência a pluralidade e a indeterminação dos vírgula, nem a toda vírgula corresponde uma pausa.” fenômenos considerados objeto da semântica. As É comum fazermos pausa entre sujeito e verbo, verbo questões relativas ao significado fazem parte de disci- e complemento. No entanto, sabemos que essas são plinas como psicologia, filosofia e lógica.
estruturas nas quais não cabe vírgula.
A autora afirma que na psicologia, o estudo de as- O autor lembra que sendo nossa virgulação (da lín- pectos do significado pode servir para esclarecer me- gua materna) de base sintática, não devemos separar lhor o funcionamento da mente humana, permitindo o que é ligado sintaticamente. Para virgular bem, uma que o modo pelo qual o indivíduo adquire e utiliza o boa intuição é imprescindível, pois nossas gramáticas conhecimento tenha uma compreensão mais profun- e manuais de português explicitam regras deficientes e precárias. Essas regras não abrangem todos os casos A semântica, para a filosofia, é um dos caminhos particulares, visto que não são gerais e precisas o bas- que possibilitam compreender como o ser humano tante para atingirem esse fim.
elabora representações simbólicas do mundo, de que Camargo (2005) salienta ser comum a ideia de que forma as organiza e estrutura, conforme princípios ca- a pausa que se faz na leitura para respirar é indicada pazes de estabelecerem a aceitabilidade e a coerência pela vírgula. Ainda que, intuitivamente, tal ideia en- dessas representações simbólicas, objetivas e subjeti- cerre certo valor, está longe da resolução do problema de pontuação nos textos. A inversão da ordem direta Os mecanismos de avaliação e determinação de da frase, a intercalação de elementos que interrom- relações e valores simbólicos podem ser explorados pem a leitura do enunciado, a omissão de certos ele- pela lógica, especialmente, as condições de verdade mentos subentendidos e, em alguns casos, a ênfase, proporcional e de predicação, de sentença e entre sen- em geral, são assinaladas pela vírgula.
tenças, de enunciados e entre enunciados.
Segundo Luft (2007), ter visão clara da estrutura do Gomes (2003) revela que a preocupação com o pensamento e da frase, governar as rédeas da frase, contexto despertada na Semântica deve-se ao fato ter ordem no pensar e na expressão é pontuar bem. A de que ocorrem em todas as línguas formas passíveis maioria dos alunos não sabe raciocinar, nem analisar, de realizações conceituais distintas, ou seja, a deter- logo, não sabe pontuar. Isso porque não foi ensinada, minação do significado dependeria de suas possíveis treinada. O pensamento lógico, a arte do raciocínio realizações contextuais. As palavras teriam sentido e sua clara expressão falada e escrita são raramente virtual só se realizando num determinado ambiente exercitados. A má pontuação certifica graficamente a linguístico. Naquele momento, as circunstâncias ex- atrofia do pensamento lógico e a ignorância do que é tralinguísticas seriam responsáveis pelo significado uma frase, sua estrutura e montagem.
da palavra. A palavra mortal, por exemplo, teria signi- Para ele existem duas possíveis causas da má pon- ficações diversas: em homem é mortal, a palavra mor- tuação: indícios de que a análise sintática é mal ensi- tal teria o sentido de transitório; trabalho mortal, ex- nada – ao invés de clarificar as estruturas e funções, tenuante e assim sucessivamente na cadeia dos atos insiste-se em classificações e nomes; pode ainda indi- car que não se faz análise sintática. Tenta-se trabalhar atravessasse outras áreas do conhecimento geradoras trechos de livros “análise de textos”. Outra mania é o de configurações teórico-metodólogicas próprias, para ensino da “comunicação”. Ora, se os alunos não apren- tentar entender teoricamente a questão de pesquisa dem ortografia, concordância, regência e pontuação, com que se defrontava. Dessa maneira o problema de pesquisa passou a ser construído interdisciplinar- Cunha e Cintra (2007) destacam que, diferente da mente e a relevância desse enfoque na problematiza- língua falada, a língua escrita não dispõe de muitos ção de questões de uso da linguagem dentro ou fora recursos rítmicos e melódicos. A pontuação visa à da sala de aula começou a ser levantada. reconstituição aproximada do movimento vivo da Os ideais da modernidade têm sido questionados e elocução oral. Os sinais de pontuação podem ser di- reescritos especialmente aqueles referentes à defini- vididos em dois grupos, estando a vírgula inserida no ção do sujeito social como homogêneo, expondo seus grupo formado, fundamentalmente, por sinais cuja atravessamentos identitários, construídos no discur- função é marcar as pausas. Ao outro grupo pertencem so, como também os ideais que dizem respeito a for- os sinais de pontuação destinados, essencialmente, a mas de produzir conhecimento sobre tal sujeito, que marcar a melodia, a entonação. Em geral, os sinais de tradicionalmente o descorporificavam no interesse de pontuação marcam, simultaneamente, pausa e melo- apagar sua história, sua classe social, seu gênero, seu desejo sexual, sua raça, sua etnia.
Já Cipro Neto (2009) combate esse posicionamen- Uma dimensão essencial em áreas aplicadas é ter to enfatizando que os sinais de pontuação servem as questões de pesquisa identificadas por aqueles que para estruturar as frases, conferindo ritmo e sentido vivem as práticas sociais como sendo válidas de seus ao que se pretende transmitir. Seu papel diz respeito à pontos de vista. Estes devem ser chamados a opinar estruturação, à ordem, ao significado que se atribui às sobre os resultados das pesquisas.
palavras escritas e não à reprodução dos sinais sono- ros. Portanto, não há que dizer que eles representam Linguística aplicada Crítica as pausas e as melodias da língua falada. De acordo com Koch (2000), pragmaticamente, Moita Lopes (2006) entende a Linguística Aplicada o texto passou a ser encarado pelas teorias acionais, Crítica, não como um método, uma série de técnicas, como uma sequência de atos de fala; pelas vertentes ou um corpo fixo de conhecimento, mas como uma cognitivistas, como fenômeno primariamente psíqui- abordagem mutável e dinâmica para as questões da co, resultado, portanto, de processos mentais; pelas linguagem em contextos múltiplos. Prefere compre- orientações que adotam por pressuposto a teoria da endê-la como uma forma de antidisciplina ou conhe- atividade verbal, como parte de atividades mais glo- cimento transgressivo, como um modo de pensar e fa- bais de comunicação, que vão muito além do texto em zer sempre problematizador, não guardando relação si, já que neste processo global constitui apenas uma com o mapeamento de uma política fixa sobre um Para Koch (2000), a constituição de um texto se dá De acordo com o ponto de vista do autor, a Linguís- quando os participantes de uma atividade comunica- tica Aplicada Crítica possibilita todo um novo conjun- tiva global, diante de uma manifestação linguística, to de questões e interesses que até então não tinham utilizando uma rede complexa de fatores de ordem sido considerados pela Linguística Aplicada, tais como situacional, cognitiva, sociocultural, são capazes de identidade, sexualidade, acesso, ética, desigualdade, construir, para ela, determinado sentido. Logo, o sen- desejo ou a reprodução de alteridade. tido não está no texto, ele se constrói a partir do tex- Foucault (apud Moita Lopes, 2006, p. 70) ressalta to, no curso de uma situação. Para chegarmos às pro- que “nunca se deve permitir que a política descanse fundezas do implícito e extrairmos dele um sentido é sobre a satisfação de sua própria autoconcepção, so- necessário recorrermos a vários sistemas de conheci- bre as identidades que afirma serem as constituintes mento e ativarmos processos e estratégias cognitivas de sua própria comunidade”.
Moita Lopes (2006) chama a atenção para a neces- sidade de mantermos uma postura cética em relação a conceitos e modos de pensamento que nos são pró- ximos. Devemos ter cuidado ao analisarmos e promo- Moita Lopes (2006) afirma que a complexidade dos vermos abordagens críticas de Linguística Aplicada fatos envolvidos com a linguagem em sala de aula exi- para que os termos e conceitos que usarmos não se- gia argumentos direcionados a um arcabouço teórico jam ao mesmo tempo prejudiciais às próprias comu- interdisciplinar para sua solução. O linguista aplicado nidades com que estivermos trabalhando. Assim, ao precisaria se envolver com conhecimento teórico que nos preocuparmos com o inter-relacionamento entre diferença, domínio, disparidade e desejo, devemos “As obras-primas, que foram premiadas, são valiosas.” concomitantemente ser sensíveis à natureza duvido- Neste exemplo o enunciado revela que “todas as É preciso atenção ao escrevermos, ao lermos enun- ciados verbalizados por nós, escritos por outros e, análise de diferentes interpretações decor- principalmente, aqueles nos quais seguem nossas as- rentes do uso da vírgula sinaturas. Tomemos por exemplo o seguinte enuncia- do: “Eu vinha com meu veículo pela Rua Carlos Pres- tes, sentido centro, em alta velocidade, ele bateu no Nesta parte do trabalho, propomos uma breve meu carro no cruzamento com a Rua Marta Lopes”. De análise de enunciados em que se podem verificar al- acordo com o emprego da vírgula, o “eu” presente no terações de sentido a partir de diferentes posiciona- enunciado afirma ser o causador do acidente, porém o mentos da vírgula. enunciado descritivo do que ocorreu na verdade deve- A vírgula pode valorizar alguém em detrimento de ria ter a vírgula após a palavra “velocidade” excluída. Nesse caso a vítima da imprudência de outro, tor- “Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, na-se o imprudente, o causador da tragédia. E, mais, andaria de quatro a sua procura.” não poderá recorrer à justiça para sanar seu prejuízo “A valorização da mulher fica clara neste enuncia- apenas financeiro, caso não haja pessoas vítimas de do.” lesões corporais ou de morte, o que tornará a situação Veja o que acontece ao mudarmos a vírgula de lu- do condutor do veículo muito mais complicada.
Pensando um pouco além, ainda pode acontecer “Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher do verdadeiro causador do acidente “esperto” reque- andaria de quatro a sua procura.” rer na justiça o pagamento de seu prejuízo material, Aqui se inverteram as posições ocupadas por ho- ou seja, não havendo pessoas feridas e/ou mortas, o mem e mulher no enunciado, sendo o homem valo- conserto de seu carro. Levando a verdadeira vítima a rizado.
Uso da vírgula em artigos do Código Civil Os enunciados transcritos, a seguir, tiveram sua redação de acordo com o contido no Código Civil. Os itens abaixo constituíram o questionário elaborado Como citamos anteriormente, este trabalho não para coleta de dados em campo. Foram redigidas dez pretendeu focar o uso gramatical da vírgula necessa- questões, sendo cada uma delas escritas duas vezes. riamente. No entanto, não deixaremos de lado alguns Empregamos a vírgula em pontos diferentes do mes- pontos observados por alguns teóricos, voltados para mo enunciado, produzindo duas orações para cada seu emprego de acordo com o uso do português pa- questão, a fim de que se relacionasse cada versão do drão, o socialmente aceito e em determinadas situa- enunciado a uma das orações.
ções, indispensável. Pretendemos a partir deste ponto Participaram da pesquisa trinta indivíduos, ho- do trabalho expor enunciados, analisar seus sentidos mens e mulheres, todos exercendo suas atividades e provar que o impacto social causado pode acarretar profissionais junto à Secretaria de Segurança Pública prejuízos significativos às pessoas envolvidas em de- do Estado de São Paulo.
De acordo com Koch e Souza e Silva (2002), o uso de artigo 1.611 CC vírgulas para separar as orações relativas apositivas, não é um critério de classificação, é uma decorrência de fatores sintático-semânticos. Assim sendo, muitas “O filho havido fora do casamento, reconhecido por vezes, a distinção entre uma oração relativa restritiva um dos cônjuges, não poderá residir no lar conjugal e uma apositiva depende do contexto em que estive- sem o consentimento do outro.” (Art. 1.611 CC) Este artigo trata do reconhecimento do filho, sendo “As obras-primas que foram premiadas são valio- entendido como: “O filho nascido fora do casamento, quando reco- Assim, sem vírgulas, o exemplo acima significa nhecido por um dos cônjuges, precisará do consenti- que “somente as obras-primas que foram premiadas mento também do outro cônjuge para residir no lar Vejamos como fica o mesmo enunciado com o em- Trocando a vírgula de lugar o casamento figurará “O filho havido fora do casamento reconhecido por um dos cônjuges, não poderá residir no lar conjugal legislação, pode causar grandes transtornos, inclusive transformar vítima em culpado e até mesmo torná-la vítima em potencial da crueldade do verdadeiro res- “O casamento deve ser reconhecido pelos dois côn- ponsável pelos fatos causadores dos prejuízos.
juges, para que o filho nascido fora desse casamento O resultado obtido na pesquisa de campo mostra possa residir no lar conjugal sem o consentimento de ainda o quanto nos tornamos vulneráveis, enquan- to candidatos a uma vaga oferecida num concurso público, quando não estamos preparados o bastante para compreendermos as ideias presentes em enun- ciados nos quais a vírgula é suficiente para alterar o A seguir apresentaremos frase elaborada a partir A linguagem é comunicação. A comunicação existe de brincadeiras junto às pessoas com as quais convi- e ocorre muito antes e além da sala de aula, está pre- vemos; outra na qual ora trataremos de parte de um sente em todas as áreas do conhecimento, pensando nisto, literalmente, tiramos a vírgula da sala de aula e Para descontrair e saborear, que tal um cafezinho? da Gramática Normativa, levamo-la a outros contex- Pode ser pela manhã ou no meio da tarde, para os tos nos quais ambientamos nossas práticas sociais, e adeptos de um bom café, toda hora é hora, então: buscamos enfatizar seu impacto em ocorrências pre- sentes o tempo todo na sociedade. Logo, verifica-se (Fresco qualifica o café que está no auge de seu sa- neste trabalho que a vírgula decide o significado do bor agradabilíssimo, ou seja, acaba de ser preparado.) enunciado e provoca impactos sociais aos envolvidos Acrescentando-se uma única vírgula pode ser di- em determinadas situações.
vertido, mas cuidado! Alguém pode se ofender. É im- portante sabermos com quem podemos contar na Referências Bibliográficas “Quer café, fresco?” (Alguém está sendo adjetivado BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. No próximo enunciado usaremos a vírgula para CAMARGO, Thaís Nicoleti de. Uso da vírgula. Barueri/ diferenciar quando se deseja declarar algo de parte de SP: Manole, 2005.
CIPRO NETO, Pasquale. Como usar a vírgula e outros “A mulher que roda à baiana por qualquer coisa é sinais de pontuação. Barueri/SP: Gold, 2009.
pouco perspicaz.” (somente a mulher encrenqueira) CUNHA, Celso; CINTRA, Luís Filipe Lindley. Nova gra- “A mulher, que roda à baiana por qualquer coisa, é mática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: FIORIN, José Luiz. Pragmática. In FIORIN, José Luiz (org). Introdução à linguística II. Princípios de análise. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2005, pp. 161 – 186.
Durante a elaboração deste trabalho tivemos mais GOMES, Claudete Pereira. Tendências da semântica uma oportunidade de aprimorar o conhecimento linguística. Ijuí/SP: Unijuí, 2003. construído no processo de ensino-aprendizagem, nos ILARI, Rodolfo. Introdução à semântica – brincando últimos três anos, pois a importância da escrita, para com a gramática. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2008. expressarmos claramente nossas ideias, e da compre- KOCH, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos ensão do que lemos, levando em conta não apenas os sentidos. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2000, pp. 21 – 25.
vocábulos, mas também a pontuação, neste caso o uso KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça e SOUZA E SILVA, da vírgula, levou-nos a refletir sobre várias situações Maria Cecília Pérez de. Linguística aplicada ao portu- de uso e problemas da linguagem, principalmente guês: sintaxe. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2002, p. 93 – 131.
diante de declarações nas quais colocamos nossa as- LUFT, Celso Pedro. a vírgula. São Paulo: Ática, 2007. MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Por uma linguística apli- A Semântica, a Linguística Aplicada e a Pragmática cada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006.
muito nos acrescentaram, tornando possível a análise PLAZA PINTO, Joana. Pragmática. In MUSSALIM, Fer- do uso da vírgula, que buscou nas práticas sociais da nanda; BENTES, Anna Cristina (orgs). Introdução à linguagem o significado de enunciados presentes na linguística – domínios e fronteiras. Vol 2. São Paulo: É possível observarmos que a interpretação de tex- tos, principalmente inseridos em diversas áreas da Formada em Letras pela Faculdade Unida de Suzano Graduada em Letras/Tradutor pela Universidade de Mogi das Cruzes , mestrado em Lingüística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (2003) e Es- pecialização em Psicopedagogia pela Universidade Castelo Branco - RJ (2005. Docente da Faculdade Unida de Suzano- UNISUZ e da FATEC de Itaquaquecetuba.

Source: http://www.revistainterfaces.com.br/Edicoes/3/3_43.pdf

Swine flu may09

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