PETERS, F.E. Os monoteístas, volume 1: os povosde Deus. São Paulo, Editora Contexto, 2007, 384páginas, ISBN 97885722443654. R$ 59,00.
O tema do monoteísmo fascina, intriga e inspira.
Crentes ou não, a fé em um único Deus apresenta facetasque atraíram os estudiosos e as pessoas comuns. A crençaem muitos poderes sobrenaturais foi predominante, emtantos povos, por tantos séculos. Deuses e deusas, espíritose outros seres poderosos povoaram, e ainda povoam, oimaginário humano. Como entender o surgimento e a difusãode religiões monoteístas? Este o grande desafio assumidopelo grande especialista no Oriente Médio, Francis EdwardsPeters, professor da Universidade de Nova Iorque, nos EstadosUnidos. Peters possui uma trajetória acadêmica pouco usuale que lhe permitiu tornar-se referência nas três grandesreligiões monoteístas: o Judaísmo, o Cristianismo e oIslamismo. Estudioso das letras clássicas, latim e grego, logose interessou também pelo hebraico e árabe. Distinguiu-secomo conhecedor, de primeira mão, do Islamismo, massempre preocupado em relacionar as três grandes tradiçõesculturais: judaica, cristã e islâmica. Também se dedicou asituar o pensamento grego em relação às três grandesreligiões monoteístas.
A tradução desta monumental obra, publicada
originalmente pela prestigiosa Universidade de Princeton,veio em boa hora, cercada de um cuidado especial. Há
1 Professor Titular da Unicamp e Coordenador do Núcleo de Estudos
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inúmeros termos gregos, hebraicos e árabes de difícil traduçãoao português. Foram bem vertidos por Jaime A. Clasen,graças, também, à revisão acurada de Eduardo Hoornaert,bem conhecido dos brasileiros interessados na História doCristianismo. O resultado é um texto elegante e agradável. O mais impressionante é que Peters nunca deixa o leitor namão: ele explica tudo de forma clara e não pressupõe nada. Mas o faz de tal maneira, que não enfada quem já o sabe,pois sempre adiciona algo nem sempre óbvio. Um exemplo:lembra que Paulo escreveu às comunidades cristãs na décadade 50 d.C., bem antes, portanto da composição dos Evangelhosou dos Atos dos Apóstolos e que constitui fonte primordial dosprimeiros momentos do nascente Cristianismo. Em outromomento, recorda que o Judaísmo, à época de Jesus, eracomposto de muitas interpretações, escolas ou correntes eque não havia um padrão ou norma a ser obedecida por todos. O leitor entende, com toda a clareza, que o movimento deJesus, nos primeiros tempos, era parte do Judaísmo e quesó com o tempo dele se separou.
Como estudioso da cultura grega antiga, Peters retoma,
aqui e ali, a ligação das religiões monoteístas com oshelenismos, em seus vários aspectos: político, religioso,cultural e intelectual. Já os judeus na diáspora, fora da TerraPrometida, haviam entrado em contato com helenismo epensadores como Fílon de Alexandria foram pioneiros namescla entre as tradições filosóficas gregas e as perspectivasdo monoteísmo. Logos, que pode ser traduzido como “palavra”ou “razão”, foi apresentado por Fílon como a imagem de Deus. No Evangelho de João, afirma-se que “no princípio era o Logos(Verbo, Palavra, Razão)”. Também o Islamismo irá recorrerao pensamento grego, para refletir sobre o Deus único, Alá. Peters mostra, com clareza, que o monoteísmo nunca foihomogêneo e fechado, mas, ao contrário, floresceu por estarem interação constante. As religiões monoteístas - às vezesmais, outras menos - foram caracterizadas pela diversidadeinterna, pelos grupos e, mesmo no interior deles, pelasdivergências. A fluidez das visões e práticas monoteístascontradiz, portanto, uma pretensa interpretação rígida e
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normativa dos textos sagrados. Como o fizeram,modernamente, aqueles que chamamos de fundamentalistasjudeus, cristãos ou muçulmanos.
O livro mescla, a cada passo, trechos que tratam das
três religiões monoteístas, de modo que fica evidente, para oleitor, as semelhanças e diferenças. Para isso, o volume estáorganizado em torno de alguns grandes temas, como“comunidade e autoridade” ou sobre os pais fundadores dasreligiões monoteístas: Abraão, Jesus e Maomé. Abraão, opatriarca hebreu, é um personagem nas profundezas dapenumbra histórica, um fundador mítico de um povo. Jesusjá é um ser humano, mas ainda muito pouco histórico, poisse apresenta à luz da crença, como Cristo, o Messias daRessurreição. Maomé é todo homem, histórico e de carne eosso, apenas ao final levado ao Céu. O monoteísmo hebraicoé uma criação coletiva, do povo judeu que nomeou seufundador como “o antepassado” (esse o sentido do nomeAbraão). O cristão, já tem uma autoria mais histórica. Jesus,o fundador do movimento, mas, principalmente, Paulo deTarso, o judeu que, sem ter conhecido Jesus, foi capaz defundar uma nova concepção religiosa monoteísta. Por fim,Maomé. Um homem em sua inteireza: cheio de qualidadese defeitos, com parentes, amigos e desafetos, transformadoem profeta infalível apenas no momento à subida ao Céu.
O livro não apresenta notas de rodapé, o que facilita a
leitura. Mas apresenta boxes explicativos que complementambem a narrativa, sem interromper o fluxo. Não se precisarecorrer a uma enciclopédia, ali mesmo se encontra aexplicação de um aspecto menos conhecido ou colateral. Sãoobservações, por vezes eivadas de erudição, mas semprecristalinas e, por vezes, muito sugestivas, como no caso doque diz sobre os sonhos. “Os antigos acreditavam que ascomunicações do sobrenatural ocorriam na situação desonho, e entre os gregos e romanos era comum que religiosospassassem a noite no recinto de um templo na esperança deque tal ocorresse. Por exemplo, a visão que Jacó teve do Senhorocorreu num sonho. O relato do Evangelho de Mateus donascimento de Jesus inclui visões em sonhos. Algumas
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revelações de Maomé parecem ter ocorrido em estado desonho”. Num único tema, inter-relacionam-se não só os trêsmonoteísmos, como se encontram postas em contato asreligiões monoteístas e as práticas greco-romanas.
O livro chega aos nossos dias e trata, até mesmo, da
República Islâmica do Irã, do Presidente MahmoudAhmadinejad. Serve como obra de referência para todos osinteressados nesse imenso tema: o monoteísmo. Religiosos,historiadores, estudiosos das relações internacionais,sociólogos, mas, sobretudo, para todos os que se interessampor essa questão essencial de nossa época: o monoteísmo dejudeus, cristãos e muçulmanos. A aguardada publicação dosegundo volume completará o quadro, já bem delineado em“Os Povos de Deus”.
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Dr. Füst György irodalomjegyzéke (1968-2010) Impakt faktorral rendelkező, külföldön kiadott nemzetközi folyóiratokban megjelent tudományos közlemények jegyzéke 1. M.J. Surján, G. Füst.: The control of cardiolipin and lecithin products with the 50 % hemolysis method. Z. Immun.-Forsch. 1346, 303, 1968. (impakt faktor: 1,576) 2. G. Füst, G. Fóris: Newer data on the
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